29 agosto 2007

Uma banda diferente

A pop electrónica, simultaneamente retro e inovadora, dos Stereolab já foi merecedora de uma referência neste blogue há uns meses. Na ocasião, deu-se destaque a Margarine Eclipse. Hoje, como estava com algumas saudades de escutar esta banda, fui aos arquivos caóticos tentar encontrar Fab Four Suture, álbum editado no ano passado. E cá estão novamente os Stereolab a girar no leitor de CD com o seu minimalismo, as repetições hipnotizantes, a evocação da pop inocente dos anos 60, um pouco de funky aqui e ali, a electrónica a suportar os arranjos, melodias invulgares e alguns tempos desafiadores. Continua a ser uma das bandas mais estimulantes nos tempos que correm, pela originalidade da música que praticam.

27 agosto 2007

Blues com caril

Não faltam experiências, longínquas e recentes, com o objectivo de cruzar e fundir as tradições musicais do Ocidente e do Oriente. Harry Manx, um guitarrista sobredotado, que passou cinco anos da sua vida errante a estudar música e a fazer meditação na Índia, é um dos músicos mais bem sucedidos neste género de empreendimentos. Manx é, na sua raíz, um guitarrista de blues e folk e aquilo que consegue fazer nos seus discos é introduzir um estimulante tempero de sonoridades orientais que assentam como uma luva sobre a sua mestria na técnica do slide. A sua discografia é relativamente curta, porque Manx só começou a gravar no início da actual década. Mas cada um dos seus álbuns é merecedor de atenção. Por hoje, aqui fica a sugestão de audição de West Eats Meat, de 2004. Escutar a guitarra, o banjo e o veena a serem manuseados com competência e chama por Harry Manx é uma experiência quase mística.

20 agosto 2007

Preguiça

Numas férias de Verão, já lá vão muitos anos, um exemplar deste disco, na sua versão em vinil, preencheu tardes e serões de forma incansável. Os riffs e solos de Ritchie Blackmore, o som poderoso do órgão de Jon Lord, a voz de Ian Gillan, que qualquer candidato a vocalista de uma banda de hard rock tentava imitar, os breaks de Ian Paice e o baixo profundo de Roger Glover davam a volta à cabeça de qualquer um. Há uns tempos, vi o DVD da série Classic Albums que documenta, com entrevistas recentes a elementos dos Deep Purple, a história da gravação de Machine Head, incluindo pequenas curiosidades como a de se saber se Smoke on The Water é em Mi maior ou menor. Todos os temas do álbum são bons, mas há um que é particularmente especial, pelo menos para mim, porque revela a notória habilidade da banda para interpretar blues. Refiro-me a Lazy que, para desgraça de quem realizou o documentário e de quem o vê, é uma faixa completamente ignorada no DVD. Só gostava de saber porquê. Talvez seja apenas uma questão de preguiça.

13 agosto 2007

Blues, rock e psicadelismo

Sou grande adepto das sonoridades do rock psicadélico que se praticou entre o final dos anos 60 e o início dos anos 70, embora reconheça que nessa onda houve muito lixo que deu à costa. Foram frutos de algum experimentalismo bacoco, realizado em alturas em que os neurónios de quem tentava fazer música estariam enxarcados de substâncias que tolhiam a lucidez mínima para produzir alguma coisa de jeito. Mas isto faz parte da história desses tempos. Nos dias que correm, vai-se encontrando um ou outra banda com interesse, que se inspira nessas atmosferas. Uma das recentes que decidi escutar, após conselho de um amigo, foram os Map of Africa. Misturam muita coisa, com destaque para os blues e o rock, temperados com alguma electrónica planante e não teriam destoado se tivessem figurado no cartaz do lendário festival de Woodstock. Vale a pena dar uma vista de olhos - de ouvidos, mais acertadamente - por este disco.

05 agosto 2007

Um êxito para consolidar

Não há duas sem três. Assim, aqui vai mais uma sugestão para quem tenha pavor do jazz mas que, ainda assim, esteja disponível para ultrapassar o trauma. Herbie Hancock é um pianista incontornável na história do jazz na segunda metade do século XX. Era um jovem de 22 anos quando, no arranque da década de 60, liderou a sua primeira gravação de que resultou a edição de Takin' Off. O tema de abertura, Watermelon Man, é mais uma paragem incontornável para um percurso de adesão ao jazz e outro daqueles temas que entram no ouvido sem pedir licença.

01 agosto 2007

Um êxito para prosseguir

Prosseguindo na tentativa de angariar novos adeptos para a "causa" do jazz, aqui vai mais uma sugestão de um disco perfeitamente adequado à conquista de ouvidos pouco treinados para o género ou de mentes desconfiadas quanto a propostas de audições nesta área. O álbum chama-se Time Out e, à semelhança de Moanin', costuma aparecer nas mais diversas listas destinadas a identificar as grandes obras de sempre. Take Five é o tema adequado para quem queira começar pelo mais fácil. É mais uma melodia que o melómano mais distraído reconhecerá imediatamente e, ainda mais importante, rapidamente começará a trautear. Apenas para registo, Time Out é a obra mais celebrada do pianista Dave Brubeck, músico veterano que aliou o jazz às tradições clássicas que ajudaram a moldar a sua formação enquanto músico.