21 novembro 2009

Nos arquivos de Paddy McAloon

Nos arquivos de Paddy McAloon estão centenas de canções que, provavelmente, jamais verão a luz do dia, pelo menos interpretadas pelo seu autor. O líder dos Prefab Sprout tem enfrentado problemas de saúde ao longo da corrente década, que lhe afectaram a visão, a audição e, compreensivelmente, o ânimo. Daí que qualificar Let's Change The World With Music como o "novo" disco dos Prefab Sprout seja pouco rigoroso. É uma novidade na discografia da banda mas trata-se de uma demo inteiramente gravada por McAloon. Daqui resulta que podemos escutar o disco e imaginar como soaria se fosse executado com instrumentos reais em vez de se basear em sucedâneos vindos do mundo da electrónica. É um exercício possível. Outro, é o de apreciar as canções de Paddy McAloon que deveriam ter sido sucessoras de Jordan: The Comeback, um dos grandes álbuns dos Prefab Sprout. McAloon é um compositor pop de primeira linha, um mestre da melodia, o melhor intérprete das suas canções e Let's Change The World With Music, que celebra a magia e o poder da música, é mais um testemunho de todos esses talentos. Resta esperar que o músico tenha a energia suficiente para voltar a abrir as portas dos seus arquivos e colocar cá fora as pérolas que por lá estarão guardadas.

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19 novembro 2009

Uma história bem contada

A Tale to Tell é, no mínimo, uma história bem contada. E desfia-se em poucas palavras. Tem excelentes canções, da pop mais pura e sedutora, muitíssimo bem interpretadas, com uma voz feminina irresistível e orquestrações de veludo, cheias de fantasia. A banda que é responsável por este belíssimo álbum dá pelo nome de The Mummers.

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17 novembro 2009

Uma caixa (felizmente) sem surpresas

Sem o justificado alarido que rodeou o lançamento das duas caixas com a discografia dos Beatles, nas misturas em mono e estéreo, acaba de surgir mais uma edição dos sete álbuns de originais dos Creedence Clearwater Revival. Foram uma das bandas que escutei com muita dedicação há longos anos, quando estavam no auge, e ainda conservo muitos dos singles que, na época, entre o final dos anos 60 e o arranque dos anos 70, mantiveram John Fogerty e os seus três companheiros de aventura nos tops. Os discos vêm numa caixa despretensiosa, sem luxos, respeitando as capas originais, tudo acompanhado de um pequeno livro com textos sobre cada um dos discos, excepto o derradeiro, Mardi Gras, que é uma obra menor na obra dos Creedence, gravada em trio depois do abandono de Tom Fogerty. Toda a energia e talento da banda para misturar tradições da música popular norte-americana estão nesta caixa e com um som bastante melhorado em relação às primeiras versões em CD, o que é bem notório em discos como Willy And The Poor Boys, Cosmo's Factory e Pendulum.

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15 novembro 2009

O expresso que chegou atrasado

Após longos meses de preguiça, decidi fazer uma tentativa para revitalizar este blogue. A razão é muito básica: continuo a gostar muito de ouvir música e esta é um elemento absolutamente essencial na minha vida. Como ontem, a pretexto de um acontecimento infeliz, acabei por passar algum tempo a conversar sobre música com personagens que sabem muito da poda, fiquei com a chamada "pica" para recuperar a vontade de ir escrevendo por aqui sobre discos de que gosto, dentro da liberdade ditada pelo mero acaso. O problema está no facto de não saber bem por onde começar. Hum, vamos cá a ver... Pode ser pelos Kraftwerk. Comprei hoje a edição remasterizada do Trans Europe Express, de 1977. Devo confessar que na época em que a banda alemã dava os primeiros passos para se tornar num nome de culto entre os apreciadores de música feita exclusivamente com o recurso a instrumentos electrónicos eu não gostava do que faziam. Para quem estava amarrado ao rock, à folk e aos blues, sobretudo, era artificialismo e minimalismo a mais. Hoje, pelo contrário, tirei enorme gozo da audição deste álbum, dos seus ritmos e frases curtas e repetitivas. Acho que, 32 anos depois da edição original de Trans Europe Express, me juntei aos fãs dos Kraftwerk.

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