15 fevereiro 2007

A luz de McCoy Tyner

Kenny Garrett frequentou uma óptima escola. O saxofonista tocou com Miles Davis nos derradeiros anos da carreira do trompestista e tem assinado, em pouco mais de vinte anos de gravações, álbuns de superior qualidade. Beyond The Wall, lançado no ano passado, é um dos seus projectos mais ambiciosos de sempre e um dos mais felizes. Neste disco, Garrett não só se rodeia de alguns dos grandes instrumentistas da actualidade, como Mulgrew Miller, no piano, ou Brian Blade, na bateria, como conta com a colaboração de dois experientes nomes que já têm o seu lugar assegurado na história do jazz: Pharaoh Sanders, no saxofone tenor, e Bobby Hutcherson, no vibrafone. O disco é uma homenagem assumida a McCoy Tyner, a quem Garrett agradece a inspiração e o facto de já ter tido a oportunidade de tocar com o pianista. Esta circunstância fica bem clara em Calling, tema em que a música modal de Tyner é claramente citada e em que Garrett e Sanders evocam John Coltrane. Sendo este um dos interesses do disco, outro, não menos importante, reside no facto de Garrett fundir as tradições musicais do Extremo Oriente com as do Ocidente. Um projecto arriscado, que inclui um sample de um coro de monges tibetanos, mas do qual o saxofonista se sai de forma brilhante. Não surprrende que esta gravação tenha figurado em diversas listas dos melhores álbuns de 2006.