07 fevereiro 2007

Problemas entre paróquias?

Sou um mero apreciador de música e não conheço os meandros dos meios "jazzísticos" nacionais. Mas não deixo de me questionar sobre a natureza humana de cada vez que, na música ou noutra arte qualquer, leio ou ouço declarações que me fazem desconfiar de que algo mais poderá haver por detrás, isto é, guerrinhas entre paróquias que não adiantam, nem atrasam, antes pelo contrário. Tudo isto vem a propósito das declarações de Mário Barreiros, numa entrevista ontem publicada no Público, sobre Bernardo Sassetti. O baterista afirma que Sassetti é "um bom pianista" mas adianta não entender o "leitinho delico-doce que ele anda a desenvolver". No texto em causa, Mário Barreiros não vai mais além e é pena. Seria interessante saber a que se refere, afinal, para qualificar daquela forma o trabalho de Sassetti. Ninguém me encomendou qualquer sermão, mas a verdade é que não consigo atingir o sentido das afirmações de Mário Barreiros que acaba de editar, em sexteto, um álbum que tem tanto de clássico como de excelente (ver post anterior). Pode figurar, sem favor, entre os bons discos de jazz feitos por músicos portugueses nos últimos anos. Mas, quanto a mim, não chega para bater, por exemplo, Nocturno, de Bernardo Sassetti. Não sei se é, ou não, um disco delico-doce. Mas não tenho dúvidas de que é um grande álbum, merecedor de todos os encómios que lhe foram, e ainda são, dirigidos desde o seu lançamento. É uma referência obrigatória para quem gosta de trio de piano, contrabaixo e bateria. Basta escutá-lo.