18 dezembro 2006

No princípio foi assim

Antes de começar a trilhar uma carreira a solo que, a partir de Debut, lhe granjeou elogios e um justíssimo lugar entre o que de mais notável se fez no universo da pop electrónica desde os anos 90 até hoje, Björk Guõmundsdóttir (acho que é assim que se escreve) passou uns tempos a divertir-se à grande. Pelo menos, é o que se pode perceber a partir da música de Gling-Gló, disco gravado após a realização de algumas prestações ao vivo efectuadas pela ex-líder dos Sugarcubes com o trio de jazz islandês liderado pelo pianista Guõmundur Ingólfsson (também acho que é assim que se escreve). O álbum foi, durante algum tempo, uma quase raridade, difícil de encontrar em solo português e, em terras estrangeiras, apenas resgatável através de uma soma ligeiramente exorbitante em comparação com os preços normais de um CD. Björk é um poço de criatividade e emotividade e Gling-Gló é a oportunidade para, através de temas de jazz e da tradição islandesa, conhecer uma faceta diferente daquela que é mais conhecida na obra da cantora. A voz inquieta e a entrega inconfundíveis de Björk andam por aqui, como seria expectável, e o trio que a acompanha executa o seu trabalho com assinalável competência. E tudo isto faz com que Gling-Gló seja muito mais do que uma mera curiosidade.