14 dezembro 2006

O incontornável Nick Drake

Não faltam na história da música, popular ou erudita, exemplos de como na espuma dos dias se podem cometer graves injustiças. Nick Drake é um dos mais eloquentes. A sua curta carreira, materializada na gravação de três álbuns, revelou um cantautor de excepção mas - trágica ironia - foi a sua morte prematura que serviu de ignição a uma onda de culto que o elevou ao estatuto de referência de que goza hoje em dia e que vai muito para além das fronteiras do folk a que se dedicou em vida. Brad Mehldau, um dos expoentes máximos do jazz actual, é um dos músicos que tem recorrido, com grande regularidade, às canções de Drake. A solo ou em trio, são vários os álbuns do pianista que incluem improvisos desenvolvidos a partir de temas do malogrado trovador. Five Leaves Left foi o primeiro álbum lançado por Nick Drake, data de 1969, e é uma das três escassas, mas brilhantes, preciosidades que integram a sua discografia. É uma daquelas obras que devem ser acarinhadas com a frequência que os discos muito especiais merecem. Foi a tarefa a que me dediquei ontem, deixando-me embalar por temas como Time Has Told Me, River Man, Three Hours, The Thoughts of Mary Jane ou Man in a Shed, já para não citar o álbum todo que é o que na verdade seria justo e razoável fazer.