09 dezembro 2006

Com um "C" grande

Começo por revelar que as vozes femininas recentes que se movimentam na área do jazz, ou próximo dela, têm sido objecto de algum desprezo da minha parte. Por algum motivo, a avalanche de nomes que têm chegado ao mercado nem sempre têm suscitado o meu interesse. Tenho até sentido algum enjoo perante a banalidade de algumas propostas que, no entanto, gozam de enorme sucesso. É o caso de - sacrilégio! - Norah Jones. Não lhe acho graça nenhuma, do ponto de vista musical. No extremo oposto, no entanto, coloco Madeleine Peyroux. Esta, sim, é uma voz irresistível, emotiva, talhada com cuidado e dedicação, moldada com uma paixão que faz lembrar grandes figuras como Billie Holiday, a diva que não deixa de vir à recordação enquanto se escuta Peyroux. Half the Perfect World, o seu novo disco, é uma obra delicada, cantada com ternura e traz Madeleine Peyroux de regresso, como sempre, mais voltada para os blues do que para o jazz. Quem anda à Norah que me desculpe, mas se quiserem fazer comparações, eu acho que Madeleine Peyroux é que é uma cantora com "C" grande.