11 dezembro 2006

Para fãs de guitarra e não só

Quando escutou a performance de Stanley Jordan durante o concerto que, em 1985, comemorou o renascimento da etiqueta Blue Note, o saxofonista Dexter Gordon limitou-se a perguntar quem era o contrabaixista. O humor fleumático de Gordon ilustra bem o espanto provocado pelo guitarrista junto de quem contacte, pela primeira vez, com a sua impressionante destreza. Na prestação em causa, Jordan apresenta-se só em palco, mas a sua técnica de tapping, arrancando notas e acordes da guitarra como se na realidade estivesse a tocar piano, até chega a fazer duvidar de que seja possível um homem apenas fazer tanto, recorrendo somente àquele instrumento. Em Live in New York, o cenário é diferente. Stanley Jordan actua em quinteto. Mas são os seus solos que lideram a banda numa série de temas em que se incluem clássicos de John Coltrane, outro mestre no campeonato destinado a avaliar quem consegue tocar mais notas por segundo. O desempenho de Jordan é bem secundado pelo do pianista Kenny Kirkland, com quem o guitarrista divide, desta vez, os louros pela boa música produzida. Live in New York é um grande álbum para fãs de guitarra, mas não só. Tem swing que se farta.