13 dezembro 2006

Um brinde para Ian Anderson

Há bandas que, quando tentam fazer diferente daquilo que sabem fazer melhor, começam a meter água. Diluem a sua personalidade na tentativa de se mostrarem abertas aos novos ventos e perdem a sua identidade. Foi o que se passou com Ian Anderson e os Jethro Tull. Na viragem dos anos 70 para a década seguinte, não souberam acomodar a queda em desgraça do rock progressivo, de que foram um dos projectos mais originais, e arrastaram-se anos a fio, sem honra nem glória, numa sucessão de álbuns pouco mais do que desinteressantes. Até que, em 2000, Anderson se enfiou em estúdio com um pequeno grupo de músicos e gravou as canções que integram The Secret Language of Birds. Além da qualidade dos temas, ao nível do melhor que Ian Anderson fez com os seus companheiros dos Jethro Tull, o disco tem a vantagem de ser quase totalmente preenchido com instrumentos acústicos, com relevo para as guitarras, bandolim e flauta em que o próprio Anderson é um exímio executante. Um brinde para o líder dos Jethro Tull que, em The Secret Language of Birds, regressou ao caminho que um dia, em hora de pouco acerto, decidiu abandonar.