28 abril 2007

Um quarteto do diabo

Gerry Hemingway é muito mais do que um excelente baterista. Reparte o seu tempo por inúmeros projectos e tem uma importante faceta de compositor que já o levou a receber encomendas para projectos situados fora do jazz, na área música clássica contemporânea. Desde o final dos anos 70 que começou a gravar como líder e a sua produção, de pendor vanguardista, tem mantido uma assinalável regularidade em termos qualitativos. Devils Paradise, de 2003, é, entre as suas edições mais recentes, uma das mais celebradas. Todo o material incluido no disco é da autoria do baterista, embora seis dos oito temas que integram este CD tivessem já sido contemplados em registos anteriores. Aqui, os talentos reunidos de Ray Anderson, no trombone, Ellery Eskelin, no sax, e Mark Dresser, no contrabaixo, fornecem novo fôlego a "velhas" faixas, com improvisos e diálogos entre Anderson (em grande forma) e Eskelin que constituem o prato forte da gravação, sustentados por uma secção rítmica desafiadora e que empurra o trombone e o sax para o confronto. Como o orçamento doméstico tem que ser gerido de forma a chegar para todas as exigências inescapáveis, só agora acrescentei Devils Paradise à colecção. Estou satisfeito.