05 dezembro 2006

Que se lixe a taça

Quando se trata de músicos de jazz portugueses, confesso que tenho uma grande predilecção por Bernardo Sassetti. E isto já me causou alguns dissabores, ainda que ligeiros. No mercado há concorrência de peso e esse facto tem-me sido sempre recordado de cada vez que vem à baila o debate, absolutamente frívolo, de saber qual é o melhor pianista em actividade no país. Como não tenho a pretensão de acumular argumentos para vencer o derby "Mário Laginha versus Sassetti" para a liga do jazz nacional, aquilo que me parece mais sensato é ouvir a música de um e de outro. Desta forma, fico sempre a ganhar. Canções e Fugas, por exemplo, é um grande álbum de piano solo em qualquer parte do mundo e do melhor que Mário Laginha tem produzido, lamentando-se, apenas, que até agora tenha dedicado escasso tempo à edição de álbuns que permitam conhecer melhor as suas faculdades como pianista. Escute-se, pelo menos, Do lado de Cá do Mar, Fuga em Ré Maior, Berenice e Fado, em que a mão esquerda de Laginha faz de viola e a direita pega na guitarra, para se perceber que não estou a exagerar. É caso para dizer: perante tão boa música, que se lixe a taça.