23 fevereiro 2007

O regresso de um veterano

O que esperar de um novo disco de um dos grandes nomes do jazz, um veterano do saxofone, nome maior do bop e daquilo que se lhe seguiu e que começou a liderar gravações há mais de 50 anos? Provavelmente, a atitude mais prudente será a de baixar as expectativas. Quem aguarde inovação terá, nestas circunstâncias, grandes possibilidades de ficar desiludido. Pelo contrário, se a perspectiva for a de voltar a escutar um velho mestre nas disciplinas em que melhor se move, então Sonny, Please, a mais recente edição de Sonny Rollins, constituirá uma agradável surpresa. Sendo, actualmente, um respeitável ancião de cabelos brancos, Rollins é aquilo a que se pode chamar uma lenda viva e a música que se ouve neste novo disco honra os melhores momentos de um percurso que o colocou entre os grandes magos de sempre do saxofone tenor, um estatuto justamente adquirido através de álbuns incontornáveis como Saxofone Colossus ou Tenor Madness. Obviamente sem o fulgor de outros tempos, Sonny Rollins mostra, em Sonny Please, ainda ter fôlego e talento suficientes para fazer um bom disco de contornos clássicos. Apenas um senão: num disco de jazz, terminar um tema recorrendo ao fade-out é simplesmente deplorável. Acontece neste disco logo na primeira faixa, o que priva o ouvinte de escutar, até ao fim, um dos solos de Rollins. Fora este detalhe, trata-se de um disco recomendável.