13 maio 2007

O teenager retardado

Um amigo meu, que já não é propriamente um teenager, esteve ontem à noite em Coimbra para assistir ao concerto de George Michael. Não o critico por isso. Há coisas pelas quais eu percorreria 400 quilómetros, ou até mais, mas não um espectáculo do antigo elemento dos Wham. Os gostos discutem-se mas também se respeitam. E quanto ao adolescente que, passe a literatura barata desta frase, vive em cada um de nós, eu tenho outras preferências. Por exemplo, os Cranberries. Já não era um jovem quando a banda apareceu e, no entanto, cheguei ao ponto de comprar um dos seus álbuns, aquele que inclui Linger, intitulado Everybody Else is Doing It, So Why Can't We?. A vocalista é cativante e este facto acaba por conseguir disfarçar muitas outras insuficiências. A começar por uma notória falta de imaginação das composições, assentes em dois ou três acordes que podem ser suficientes para fabricar êxitos dirigidos a quem ainda anda na fase da descoberta da música, mas que pouco mais acrescentam ao processo de enriquecimento de quem queira ir mais além. Parece que o concerto de George Michael teve 20 minutos de intervalo pelo meio. Ora, eu teria aproveitado para ligar o leitor de MP3 com o objectivo de escutar os Cranberries. Bastaria regressar a Linger e accionar a função repeat. O resto, contra mim falo, não tem grande interesse.