05 maio 2007

O arranque dos Acoustic Ladyland

Muita da música mais surpreendente que se pode encontrar resulta da fusão de diferentes estilos. Os Acoustic Ladyland incluem-se nesse conjunto de músicos que devem a sua razão de ser à junção de influências de origem diversa e que, no caso deste quarteto, um julgamento apressado poderia levar a acreditar ser impossível de empreender. Há ingredientes de jazz pós-bop que são essenciais no som da banda, mas esta jamais soaria de forma original se não se lhes juntasse o punk e uma veia vanguardista. Conheci os Acoustic Ladyland ao segundo álbum e só depois fui espreitar o primeiro CD da sua discografia, Camouflage. Este primeiro registo inclui mais jazz e menos punk do que o seu sucessor. É, por isso, menos cru e mais controlado. Mas isso não lhe retira qualidades, apenas se percebe que a banda privilegiou em Camouflage uma das suas paixões em detrimento da outra. Não se julgue também, pelo que aqui fica escrito, que os tempos rápidos e enérgicos são a única via que os Acoustic Ladyland sabem percorrer. Something Beautiful, um dos temas de Camouflage, é um momento de melancolia a não perder.