01 fevereiro 2007

Um nome a decorar

Um dos prazeres de quem gosta de música está na descoberta de novos discos e novos nomes. E uma das coisas mais irritantes que pode suceder em lojas como a Fnac é tentar escutar algum CD e deparar, nos postos de audição, com a mensagem "não cadastrado". Já me sucedeu em suficientes ocasiões para lamentar que uma iniciativa teoricamente excelente acabe por se revelar pior do que o antigo sistema, em que bastava pedir a um colaborador para escutar um ou mais discos para resolver o problema, fosse com que CD fosse. Presumo que a Fnac cortou custos com a iniciativa de digitalizar parte da música que tem para venda, mas já é altamente duvidoso que o serviço tenha melhorado. Bem pelo contrário. Resta, assim, tentar outras vias, nomeadamente aproveitar para explorar aquilo que se encontra nos postos de audição que se encontram em cada uma das secções. Aqui, faça-se justiça, já dei de caras com boas sugestões, como foi ontem o caso de Codebook, o mais recente trabalho de Rudresh Mahanthappa. O executante de saxofone alto já vai no quarto álbum como líder, mas só agora dei por ele. E em boa hora, devo dizer. Mahanthappa é um belíssimo músico e compositor, assegurando a totalidade dos nove temas do disco, apoiado por uma secção rítimica poderosa constituida por piano, contrabaixo e bateria. A música move-se nas fonteiras da vanguarda, é desafiadora, e o disco remata da melhor forma, com My Sweetest, uma faixa que justifica plenamente o título escolhido. O nome deste saxofonista não é vulgar, mas convém decorá-lo.