24 dezembro 2006

Ver e escutar a música de Sassetti, II

Há espectáculos que, depois do cair do pano, nos deixam uma sensação de bem-estar, quase de euforia, pela superior qualidade do que se passou em cima do palco. Ontem à noite, numa casa cheia, assisti à apresentação do novo disco de Bernardo Sassetti, Unreal: Sidewalk Cartoon, no Teatro de São Luiz, em Lisboa. Já aqui tinha referido que a música do disco me agradou, mas que faltava uma peça do puzzle para que pudesse apreender todo o sentido da obra. Ontem, tive finalmente a oportunidade de ver e ouvir tudo o que Sassetti imaginou e planeou quando se lançou, na companhia dos Drumming, neste projecto. E tão cedo não esquecerei aquilo que testemunhei. Bernardo Sassetti é um pianista de excepção, já se sabia. Mas é, também, alguém capaz de, através da imagem e da palavra, criar algo que vai muito para além da música, como já se tinha percebido quando do lançamento de Ascent. Desta vez, uma ficção nonsense e condimentada com muito bom humor foi vertida para uma peça de animação, complementando o trabalho dos músicos que teve no grupo de percussão que se apresentou em palco com Sassetti, um dos seus aspectos mais notáveis. Dizer que se tratou de um espectáculo fabuloso é capaz de ser pouco.