25 dezembro 2006

A arte do post-bop

Há outros aspectos agradáveis no Natal, mas receber presentes de que se gosta muito, parecendo coisa demasiado materialista, interesseira e contrastante com o espírito da época, não deixa de ser um dos pontos fortes do evento. Hoje, alguns presentes simpáticos vieram alargar o leque de discos de que disponho. Sobre eles escreverei durante as próximas semanas mas, para começar a ronda, assinalo Critical Mass, do Dave Holland Quintet, o mais recente fruto deste projecto liderado por um dos grandes contrabaixistas de sempre. Sou um incondicional do trabalho que esta banda tem vindo a fazer nos últimos anos e que se pode avaliar em álbuns como Prime Directive, Points of View ou Not For Nothin'. Critical Mass, a mais recente edição do Dave Holland Quintet, segue os mesmos padrões. Chris Potter e Robin Eubanks semeiam o êxtase com os seus solos e colocam o saxofone e o trombone em diálogos e despiques de derreter quaisquer resistências. Steve Nelson continua a deslumbrar com o seu bom gosto e destreza no vibrafone, enquanto Holland se mantém num pico de forma, o que se traduz no poderoso sustento rítmico que vai fazendo sair das produndezas do contrabaixo. Novidade, e boa, é a do baterista Nathe Smith que veio preencher a vaga deixada pela saída de Billy Kilson da banda, cumprindo, e muito bem, a exigente função. Aqui está, uma vez mais, post-bop de encher as medidas, num disco de uma banda coesa e na qual impera a liberdade para improvisar.