28 dezembro 2006

Alhos e bugalhos, II

Está longe de ser uma novidade a interpretação, por nomes do jazz, de temas da música clássica, em sentido lato. O pianista Jacques Loussier é um dos exemplos, numa carreira em que tem dedicado particular interesse na obra de J.S. Bach. Isto para não mencionar aqueles pianistas, e não só, que, tendo recebido uma formação clássica, enveredaram posteriormente pelo jazz, mas sem deixar de fazer transparecer através da sua música as raízes da sua aprendizagem. Dave Brubeck é um caso exemplar e, numa esfera mais próxima, é essa também a situação de Bernardo Sassetti. Isto apenas para recordar que as gravações do Classical Jazz Quartet não têm nada de revolucionário. Mas o que esta banda possui, e em doses generosas, é uma assinalável capacidade para pegar em temas célebres de grandes compositores, virando-os do avesso e injectando-lhes uma energia contagiante. Outra coisa também não seria de esperar de um agrupamento que reúne veteranos como Kenny Barron (piano) e Ron Carter (contrabaixo) e gente mais nova, mas de alta qualidade, como Lewis Nash (bateria) e Stefon Harris (vibrafone). Este Play Tchaikovsky, que ando agora a escutar, deixaria o compositor russo abismado e por (muito) bons motivos.