02 janeiro 2007

Um trio de ases

Não sei se, à semelhança do que sucedeu com Leo Kottke, foi por achar insuficiente tocar um instrumento de que se tira uma nota de cada vez, que Marc Copland decidiu abandonar o saxofone para se dedicar ao piano. Nem sei, também, se na conlusão a tirar deste facto se pode afirmar que se terá perdido um saxofonista prometedor. Pelo menos, é possível reconhecer que se ganhou um bom pianista, digno das melhores referências que se podem notar na sua obra, entre as quais é corrente incluir Bill Evans ou Keith Jarrett. O primeiro volume de New York Trio Recordings, que tem como subtítulo Modinha, tema de Tom Jobim, é revelador das qualidades de Copland como instrumentista e do seu apurado sentido melódico. Acresce que o pianista está em muito boa companhia. Por um lado, porque tem no contrabaixo a ajuda do experiente Gary Peacock, habituado a lidar com gente exigente como Jarrett, com quem toca regularmente há mais de 20 anos. Depois, porque na bateria está Bill Stewart, um dos nomes de primeira linha das novas gerações. Daqui resulta um álbum equilibrado, em que há espaço para os três músicos brilharem através de clássicos de terceiros, como Modinha, e temas originais do próprio trio como Half a Finger Snap, Flat Out ou Rain. A avaliar por esta estreia, vale a pena dar atenção as próximos volumes.