07 janeiro 2007

O desafio de Rachmaninov

O concerto nº 2 para piano, de Rachmaninov, é um dos grandes desafios que podem ser colocados a um pianista clássico. Com um quarteto de jazz, o que poderia suceder se decidisse explorar as possibilidades desta peça incontornável da história da música, transpondo as suas complexidades para uma nova linguagem? Foi este o desafio que o Classical Jazz Quartet decidiu enfrentar, depois de ter pegado em peças de Tchaikosky e de Bach e de as ter vestido de novo, num exercício bem sucedido de que dei conta em textos anteriores. Em comparação com a obra dos dois outros compositores que inspiraram Kenny Barron, Ron Carter, Stefon Harris e Lewis Nash, a música de Rachmaninov é mais exigente para o ouvido, mais cerebral, menos susceptível de ser objecto de uma adesão imediata. Daí que Play Rachmaninov, o título deste disco, seja, na trilogia em causa, aquele que pede mais concentração. Mas é apenas aqui que está a diferença. Tal como nos anteriores CD, o quarteto consegue dar a volta às pautas, respeitando-as quanto baste, mas libertando-se das suas amarras para criar algo de novo, como compete aos bons músicos de jazz. E acontece que estes quatro não são apenas bons. São óptimos.