06 janeiro 2007

Do cool ao bop

Na década de 50, com a ascensão de Miles Davis e do seu primeiro quinteto histórico, não terá sido fácil ser trompestista e fazer concorrência. Chet Baker foi um dos "desafiadores". E embora a história, por boas razões, não lhe tenha reservado um lugar semelhante ao que destinou a Miles, seria uma insensatez passar ao lado da sua obra. Baker foi um instrumentista de superior qualidade e, depois de uma vida atribulada, acabou por deixar uma discografia digna de ser explorada. Pela minha parte, confesso que não tenho dado a este trompetista toda a atenção que merece. Mas há momentos em que me empenho em corrigir esta lacuna. Gravado em quinteto e incluindo, na versão em CD, três temas em sexteto, Chet Baker & Crew é uma boa razão para o fazer. Foi registado em três sessões realizadas no final de Julho de 1956, que deram origem a outros álbuns, e revela o trompetista e os seus companheiros intensamente mergulhados no bop, solando com uma flama contrastante com o comedimento e o intimismo do cool jazz de que Baker foi um expoente nos anos de arranque da sua carreira. Para mim, que prefiro o Chet Baker que toca ao Chet Baker que canta, este é um dos seus grandes discos.