12 dezembro 2007

Kashmir e muito mais

Dezoito mil pessoas puderam testemunhar, em Londres, na segunda-feira passada, o primeiro concerto dos Led Zeppelin desde 1988. E os jornais de hoje dizem que se tratou de um assinalável sucesso. Robert Plant, Jimmy Page, John Paul Jones e Jason Bonham, filho de John Bonham, o falecido baterista da banda, deram uma volta pelos temas marcantes da carreira dos Zeppelin, aqueles que deixaram um registo indelével na história do rock. No texto sobre o evento que pode ser encontrado no caderno P2, do "Público", refere-se que Kashmir foi um dos momentos mais notáveis nesta prestação ao vivo dos influentes Zeppelin. Por acaso, Physical Graffiti, o álbum que integra a versão original daquele tema, esteve a rodar pelo meu leitor de CD, aqui há uns dias. Duplo vinil quando do seu lançamento, em 1975, é uma obra de grande fôlego, representando uma clara evolução da banda na direcção de composições e arranjos mais sofisticados e ousados, exigindo um suplemento de atenção a quem o escute, em comparação com álbuns anteriores, mais apostados no rock de apreensão imediata que transformou em hinos canções como Black Dog, Rock and Roll ou Whole Lotta Love. Kashmir é, também para mim, um dos grandes momentos de Physical Graffiti. Mas há muito mais, nesta obra intensa e ecléctica, desde o riff curto e pujante de Custard Pie até ao psicadelismo orientalista de In The Light. É um grande álbum, talvez aquele em que os Led Zeppelin atinjem o pico das suas potencialidades.