25 janeiro 2007

Serão com Brad Mehldau

O serão de ontem, no grande auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, foi daqueles que tão cedo ninguém que lá tenha estado poderá esquecer. Em palco, perante uma casa cheia e ávida de boa música, esteve Brad Mehldau, a sós com um piano, atacando as teclas para interpretar temas que têm figurado nos seus álbuns mais recentes. Mehldau, depois de um início de carreira em que trabalhou essencialmente sobre velhos clássicos, foi progressivamente avançando para a exploração das potencialidades de material do rock, da pop e do folk que, através das suas mãos, sai invariavelmente enriquecido. Interpretou temas como My Favourite Things, mas também Martha My Dear e Mother Nature's Son, dos Beatles, Exit Music (For a Film), dos Radiohead, Still Crazy After All These Years, de Paul Simon, e Day Is Done, de Nick Drake, outro dos cantautores a que tem dedicado especial atenção. Brad Mehldau não esmagou a plateia apenas através do seu óbvio virtuosismo. A emoção com que fez soar cada nota foi o factor decisivo para os cinco encores que acabaram por ajudar a fazer com que, neste concerto, a relação entre custo e benefício tenha sido largamente favorável para quem teve a feliz ideia de sair de casa numa noite fria e, durante cerca de duas horas, deslumbrar-se com a arte de um músico excepcional. Toda a obra discográfica de Brad Mehldau merece ser conhecida e venerada. Day Is Done, de 2005, é apenas uma sugestão.