26 novembro 2006

Sim, há quem não goste de Bach

A não ser por puro divertimento, não gosto de entrar em discussões sobre se este ou aquele compositor é melhor do que outro qualquer. É evidente que tenho as minhas preferências mas também tenho consciência de que o terreno é escorregadio e a subjectividade é uma armadilha para quem pretenda ser detentor da receita mágica para fabricar a pólvora. Julgo que o bom melómano é aquele que mantém os ouvidos e o espírito bem abertos, estando sempre disponível para fazer novas descobertas. Ainda assim, há coisas que me deixam desconcertado. Como escutar alguém a dizer que não gosta de J.S. Bach. Mais surpreendida deve ficar uma pessoa, quando tal opinião, ao contrário de infundada, se baseia na audição de uma parcela razoavelmente vasta da obra do autor da síntese final do barroco. Lá diz o ditado que "gostos não se discutem". Mas como não me dou por vencido, aqui fica a sugestão para eventuais militantes anti-Bach de que ouçam as Variações Goldberg, tocadas no cravo por Pierre Hantaï e editadas em 1992. Pode ser um estímulo para que comecem a baixar as defesas.