17 novembro 2006

O entusiasmo de Herbie Hancock

O concerto de Herbie Hancock realizado ontem à noite no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, foi daqueles em que se sai com a dúvida sobre quem se divertiu mais, se a audiência ou os próprios músicos. O pianista e a sua banda entregaram-se durante cerca de duas horas a uma revisão e reinvenção de muitos dos momentos mais marcantes da carreira de Hancock. E fizeram-no com um entusiasmo que contaminou o público, dando por vezes a ilusão de que a plateia estava ali para assistir a um concerto de rock. Ouviram-se grandes clássicos como Watermelon Man e Cantaloupe Island, mas em versões distantes das originais. Hancock estava ali para mostrar - se ainda fosse necessário - por que motivo é considerado um dos mestres da fusão e, sobre isso, ninguém terá ficado vacilante. Houve funky em doses fartas, suportado por uma pujante secção rítmica constituída pelo baixista Nathan East e pelo baterista Vinnie Colaiuta. Pelo meio, o guitarrista Lionel Loueke proporcionou um interlúdio empolgante de magia africana. Para prolongar estes momentos, há muito por onde escolher na discografia de Herbie Hancock. Fiquemo-nos por Head Hunters, de 1973, que se enquadra bem no espírito do que se viu e escutou no serão do Coliseu.