24 novembro 2006

"Love", segundas impressões

Em declarações à revista Uncut, George Martin disse que um dos passatempos proporcionados aos fãs dos Beatles pela edição de Love, era o de tentarem identificar a origem das gravações utilizadas pelos produtores. Para o "quinto beatle", trata-se de uma tarefa para os próximos dez anos. Como não tenho, para já, a pretensão de chegar tão longe, limito-me a escrever sobre aquilo que me impressionou favoravelmente. Uma segunda audição de Love obriga-me a acrescentar que a mistura de Drive My Car, The Word e What You're Doing é um dos feitos mais notáveis deste projecto, pelo sentido de oportunidade que me faz pensar por que motivo ninguém ainda se tinha lembrado disto. Também me parece justo assinalar Strawberry Fields Forever, desde o arranque semi-acústico até à recuperação da versão original, para finalizar num feliz cocktail que mete pedaços de Hello Goodbye, Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band, Piggies e o solo de trompete de Penny Lane. Para rematar estas segundas impressões, assinalo o início de Lucy in the Sky with Diamonds, em que as notas começam por surgir dispersas e desarticuladas para depois se alinharem e fazerem a ignição da canção, tal como qualquer apreciador dos Beatles, mesmo que desatento, certamente conhece.