25 outubro 2007

Viagem ao deserto

Há uns dias, correspondendo ao desafio de um amigo que me propôs trocar a hipótese de presenciar o concerto do pianista Chick Corea por uma incursão nos sons do deserto do Saara, rumei ao grande auditório do Centro Cutural de Belém. Em causa estava a possibilidade de assistir a uma dupla prestação. A uma primeira parte da responsabilidade do guitarrista Vieux Farka Toure, filho de um grande nome dos blues do Mali, Ali Farka Toure, seguir-se-ia o prato principal, os Tinariwen, já catalogados como os Rolling Stones do deserto. Não sei se fiquei a perder com a troca, embore confesse que Corea não é daqueles pianistas que me faça tremer de entusiasmo. Apenas posso testemunhar que assisti a um grandíssimo concerto, com a sala felizmente bem composta e a terminar o serão de pé e a dançar, acolhendo o apelo irresistível e hipnotizador da banda tuaregue que, de guitarras em punho, despejou carradas de boa música sobre a audiência. É possível que, escutados ao ar livre, no ambiente em que se inspiram, os temas dos Tinariwen ganhem uma magia acrescida. No CCB, a experiência já foi soberba. E tenho-a prolongado através da audição do mais recente álbum da banda, Aman Iman: Water is Life.