06 abril 2007

Quase sempre em festa

O título deste álbum de Peter Martin, o seu primeiro como líder, poderia aplicar-se como uma luva ao seu percurso musical. Martin aprendeu a tocar piano a partir dos três anos de idade e dois anos depois já conseguia ler e escrever música, conforme reza a sua biografia. Com dotes desta envergadura, não admira que, ainda na adolescência, Wynton Marsalis o tenha escutado a tocar, decidindo, de imediato, acolhê-lo como discípulo. Peter Martin já actuou com muitos nomes grandes do jazz, numa lista que inclui gente como Joshua Redman, Christian McBride ou Terence Blanchard. Em Something Unexpected, gravado ao vivo em St Louis, onde cresceu, Peter Martin apresenta-se com uma banda homogénea, competente nas deambulações entre o bop e o post-bop, temperado com ingredientes clássicos. Um dos atractivos da gravação está no fulgor com que o trompetista Nicholas Payton ataca as suas intervenções. Attestation e La Pregunta são duas das faixas que melhor exemplificam o que foi dito. O remate, com I Wish, de Stevie Wonder, é que merecia um pouco mais de empenhamento porque soa frouxo e agarrado à pauta. É um momento menos feliz num álbum que garante mais de uma hora quase sempre em festa.