14 março 2007

Um inovador clássico

É algo que considero inexplicável. Mas a verdade é que, para muita gente, Wynton Marsalis é um nome apenas tolerado quando se discutem os grandes nomes do jazz dos últimos 30 anos. Uma das acusações frequentes refere que Marsalis se limitou a revolver os terrenos mais clássicos e que, embora seja um exímio executante do trompete, pouca inovação trouxe através da sua obra. Em boa parte, a crítica é injusta. Primeiro, porque tenta menorizar uma discografia rica e impossível de ignorar po quem quer que goste de música. Em segundo, porque se é notório o pendor de Wynton Marsalis para se inspirar nas grandes tradições, de Nova Orleães ao bop, seria quase patético recusar reconhecer as suas elevadas capacidades como instrumentista e compositor que o tornaram responsável pela renovação do interesse pelo jazz nos anos 80. Marsalis pode ser encaixado no mainstream mas dizer apenas isto é redutor. Escute-se, por exemplo, o novo disco, From the Plantation to the Penitentiary, em que se respira modernidade, através da fusão entre jazz tradicional, bop, soul, gospel, blues e rap, para se perceber que o trompetista se mantém em plena forma e dotado de um espírito de descoberta que só por manifesta má vontade se poderá negar.